O primeiro bloco da exposição apresenta um panorama da formação do Movimento Homossexual Brasileiro (MHB) no fim dos anos 1970 e começo dos anos 1980. A ausência de representatividade dentro das organizações políticas de esquerda, a qual julgava as pautas da comunidade homossexual como menores e capazes de desestabilizar a “verdadeira luta” contra o capitalismo, conduziu a formação de grupos diversos de homossexuais, lésbicas e bissexuais pelo país.
A documentação demonstra a organização do MHB, como os grupos se definiam e o que os diferenciavam. O Somos de Afirmação Homossexual (ou simplesmente chamado de Somos), fundado em 1978, é compreendido como um paradigma no MHB, constantemente apontado como o grupo que inaugura o Movimento Homossexual no país e como o grande responsável pela organização dessa comunidade em prol de uma luta comum. O Somos foi um dos principais promotores do I Encontro Brasileiro de Homossexuais Organizados, encontro este que ocasionou um racha no grupo. A partir desse momento foram fundados o Grupo Outra Coisa de Ação Homossexualista (1980) e o Grupo de Ação Lésbica-Feminista (1979), o qual já se organizava como um coletivo pertencente ao Somos, mas que opta por seguir no movimento de forma independente ao grupo.
O Grupo Gay da Bahia (GGB), fundado em 1980, em Salvador, tem como seu principal expoente o antropólogo Luiz Mott, um grupo que desempenhou uma importante participação na campanha pela despatologização da homossexualidade, promovendo campanhas, falas em congressos e abaixo-assinados contra o Código de Saúde 302.0 do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) — adotado no Brasil a partir do Código 302.0 da Código Internacional de Doenças (CID).
O Triângulo Rosa foi um grupo carioca fundado em 1985. Entre as marcantes ações do grupo, duas configuram expressiva mudança nos direitos dos homossexuais: a inclusão da proibição de discriminação por “orientação sexual” no Código de Ética dos Jornalistas, em setembro de 1985, e a campanha pela inclusão da proibição de discriminação por “orientação sexual” na Constituição Federal.
Recomenda-se clicar na imagem para melhor visualização.
Todos os documentos utilizados na exposição são pertencentes ao Arquivo Edgard Leueroth.